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Mário Monteiro

Número de vírus para Mac chega a mil, dizem empresas de segurança

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Número de vírus para Mac chega a mil, dizem empresas de segurança

Crescimento no mercado de sistema da Apple atraiu criminosos virtuais.

Diversos produtos antivírus para plataforma já estão disponíveis.

 

Altieres Rohr Especial para o G1*

 

A Apple veiculou um comercial falando sobre a inexistência de vírus para Macs, plataforma de computadores pessoais da empresa de Steve Jobs. Na ocasião, a imprensa encontrou no site da Apple um artigo que orientava usuários a usarem antivírus. A empresa disse que se tratava de um documento velho e ele foi retirado do ar – dando a entender que não há vírus para Mac. Mas agora, as empresas antivírus estão de olho na plataforma. Há milhares de códigos maliciosos para Mac e eles são da pior espécie: pragas criminosas que tentam enriquecer seus autores.

 

Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados, etc), vá até o fim da reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quartas-feiras.

 

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Em publicidade de 2006, Apple ridiculariza os vírus 'só para Windows'. (Foto: Reprodução)

 

O fenômeno de vírus para computadores da Apple não é novo. Na verdade, um vírus foi lançado para o Apple II em 1982, o Elk Cloner. O primeiro vírus para PC, o Brain, chegaria só quatro anos depois.

 

Mas esses eram outros tempos, irrelevantes para a discussão de hoje. O primeiro vírus para Mac OS X certamente demorou a aparecer. Lançado em 2001, foram-se cinco anos de calmaria até que, em 2006, os vírus Leap e Inqtana se tornaram os dois primeiros a atacar o atual sistema usado pelos computadores da Apple. Os dois vírus eram criações pouco maliciosas, sem profissionais por trás, e não tiveram êxito em infectar os usuários.

 

Desde então, as vendas de computadores Mac da Apple só crescem, impulsionadas pelo sucesso da empresa no setor de eletrônicos como o iPod, iPhone e iPad. A Apple é a quinta maior fabricante de PCs no mercado norte-americano.

 

Criminosos perceberam isso e começaram a distribuir vírus para a plataforma usando algumas das mesmas técnicas e até os mesmos sites que infectavam máquinas Windows. Pragas profissionais como o RSPlug e as pragas que acompanhavam versões piratas do iWork. A mesma isca foi usada por cópias falsas do MacOS X Snow Leopard.

 

Um Mac infectado valia 40 centavos de dólar no mercado negro em 2009. Como resposta, em agosto do ano passado, a Apple lançou o MacOS X Snow Leopard (versão 10.6) com um sistema antivírus rudimentar embutido que, inicialmente, pegava apenas dois vírus. É claro que isso não foi suficiente para desencorajar os criminosos, que continuaram criando pragas para Macs – embora, claro, num ritmo muito inferior ao de Windows.

 

Alguns criadores de códigos maliciosos cortaram caminho e fizeram um vírus multiplataforma. Inicialmente identificado como uma variante do vírus conhecido como Koobface, a maioria dos especialistas agora afirma que trata-se de um vírus novo, feito exclusivamente para atuar de forma multiplataforma. Chamado de Boonana, duas versões dele já foram encontradas na internet.

 

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Vírus se aproveita do Java para agir no Windows e no Mac da mesma forma. Basta aceitar a execução. (Foto: Reprodução)

 

A tendência de crescimento da plataforma – e dos ataques – atraiu o interesse também das empresas antivírus. Programas antivírus para Mac estão disponíveis na Intego e na SecureMac, fabricantes exclusivas de software para Mac, e das tradicionais Symantec e McAfee. Agora, a ESET (conhecida pelo NOD32) e a Sophos também entraram na jogada; a Sophos, com um programa gratuito.

 

“Há cerca de mil vírus para MacOS X”, afirmou Carole Theriault, consultora de segurança sênior da Sophos. “E definitivamente vemos um risco de esse número aumentar, porque a fatia de mercado da Apple está subindo. Quanto mais Macs, mais interessante eles ficam para os criminosos”.

 

Já um porta-voz da Intego informou que a empresa conhece “milhares” de códigos maliciosos, pertencentes a “dúzias” de ameaças diferentes - é normal que um vírus seja apenas uma variação de outros códigos. “Novas ameaças são descobertas toda semana. Além do crescimento do mercado da Apple, muitos usuários de Mac não estão familiarizados com as ameaças de segurança que os usuários de Windows têm enfrentado por muitos anos, o que os torna mais vulneráveis”.

 

“Quase todos os vírus são criados por cibercriminosos com um objetivo: fazer dinheiro”, disse a Intego.

 

Softwares disponíveis – e quem precisa deles

 

A ESET lançou um antivírus pago para Mac chamado ESET Cybersecurity. O software é recente e custa cerca de R$ 80. A companhia já oferecia uma solução empresarial (ESET NOD32 Antivirus Business Edition) desde setembro. “O lançamento do ESET Cybersecurity foi planificado em função do nosso conhecimento do mercado, a predisposição dos usuários a instalar esse tipo de soluções e a evolução das ameaças virtuais”, explicou Sebastián Bortnik, coordenador de pesquisa da ESET na América Latina.

 

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Antivírus tradicionais para Mac também detectam pragas de Windows. (Foto: Divulgação)

 

A Sophos oferece uma solução empresarial há muito tempo – principalmente porque empresas não querem que os sistemas com Mac infectem as máquinas com Windows - e resolveu oferecer um programa gratuito para usuários domésticos do Mac (a licença não permite o uso comercial ou corporativo).

 

“A Sophos não está no mercado de consumidor. A Sophos fez isso porque usuários de Mac não usam antivírus. Isso significa que se uma grande ameaça contra Macs aparecer, eles são alvos fáceis. Queríamos consertar esse problema”, disse Theriault, da Sophos.

 

E quem precisa dos antivírus? As companhias não foram claras. A Intego não quis responder, mas observou que as empresas às vezes precisam de antivírus para colocar os sistemas em concordância com a política empresarial, “embora os usuários estejam frequentemente expostos a um risco maior” devido à existência de dados como cartão de crédito no computador. Para a ESET, basicamente todo mundo precisa. “Todo usuário de computador que deseje cuidar de sua informação, e estar protegido contra malware, deve utilizar um software de segurança antivírus”, opinou Bortnik.

 

A Sophos deu uma resposta indireta. “Centenas de milhares de pessoas baixaram nosso antivírus gratuito nos primeiros 10 dias em que ele esteve disponível. Parece que muita gente gostou de ter o software no sistema. As pessoas amam seus Macs e os querem manter tão bonitos por dentro quanto por fora”, ilustrou a consultora da fabricante.

 

A existência de antivírus nem sempre é um sinal muito ruim. O iOS, sistema do iPhone, tem se mantido seguro. As ameaças estão começando a se desenvolver só agora, mas o primeiro antivírus para a plataforma foi criado em 2008, pela McAfee.

 

No entanto, o MacOS X é uma plataforma madura, cujo interesse dos criminosos apareceu recentemente. Já existe um software de segurança gratuito, da Sophos. Antes, existia apenas o ClamAV, que é um antivírus de código aberto e multiplataforma – mas ele tem mais tradição em servidores do que no uso de computadores comuns. Com um mercado de vírus e antivírus se assemelhando cada vez mais ao Windows – e muitos usuários migrados para cair nos mesmos golpes -, será que os Macs vão se mostrar mais resistentes aos ataques?

 

Enquanto a Apple inclui um antivírus rudimentar em seu sistema, a Microsoft inclui o Windows Defender nos Windows Vista e 7, e começou a enviar pelo Windows Update o seu antivírus gratuito, o Security Essentials, que funcione como uma solução completa de segurança. Se a Apple quer agir, é provável que esse seja o momento. Porém, nesse caso, seria preciso admitir que existe um problema.

 

A coluna Segurança para o PC de hoje fica por aqui. Volto na quarta-feira (24) com o pacotão de respostas. Por isso, deixe sua dúvida na área de comentários. Tudo que for escrito é lido e considerado para ser respondido. Até a próxima!

 

* Altieres Rohr é especialista em segurança de computadores e, nesta coluna, vai responder dúvidas, explicar conceitos e dar dicas e esclarecimentos sobre antivírus, firewalls, crimes virtuais, proteção de dados e outros. Ele criou e edita o Linha Defensiva, site e fórum de segurança que oferece um serviço gratuito de remoção de pragas digitais, entre outras atividades. Na coluna “Segurança para o PC”, o especialista também vai tirar dúvidas deixadas pelos leitores na seção de comentários. Acompanhe também o Twitter da coluna, na página http://twitter.com/g1seguranca.

 

Fonte: G1

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