Motta 645 Denunciar post Postado Dezembro 16, 2012 Investir em serviços é melhor que em semicondutores Para presidente do IEEE, Brasil não pode competir com Taiwan Boisson de Marca: “A renda da propriedade intelectual aumentou muito” Jorge William O professor José Roberto Boisson de Marca, do Centro Técnico Científico da PUC-Rio, foi eleito, na última quinta-feira, presidente do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), a maior organização técnico-profissional do mundo. Será a primeira vez, nos 128 anos de história do IEEE, em que este será liderado por alguém que não é dos Estados Unidos ou do Canadá. O IEEE tem mais de 400 mil membros em 160 países. Como é a eleição para o IEEE? É uma eleição mundial não obrigatória, em que, neste pleito, houve cerca de 46 mil eleitores. Éramos apenas dois candidatos, que foram escolhidos em novembro de 2011 pelo conselho diretor do instituto. A eleição se deu entre 15 de agosto e 19 de outubro. Qual a duração do mandato? Três anos. Antes disso, o vencedor atua durante um ano como presidente eleito. Depois vêm os três anos, que no meu caso começam em janeiro de 2014. Quais os seus planos à frente do IEEE? Uma linha importante de ação é reavivar a interação com a indústria, que hoje se restringe à parte de padronização. Existem vários temas importantes do mundo, ligados ao desenvolvimento sustentável, promovendo uma melhor qualidade de vida para a população. A guerra de patentes, por exemplo, entre Apple e Samsung é comum na indústria eletroeletrônica ou é um caso especial da área de mobilidade? Isso está acontecendo cada vez mais na indústria como um todo. O foco das empresas tem mudado de fazer produtos para o de criar patentes. A ideia é ter uma vasta coleção de patentes para depois sair brigando na Justiça. Hoje, a renda proveniente da propriedade intelectual aumentou muito, e com isso existem hoje muito mais questões litigiosas entre as empresas. No caso da Apple, a ação visava a evitar que a Samsung tomasse o mercado. Mas a sul-coreana, como sabemos, acabou tomando mesmo. As empresas estão ávidas por montar suas “cestas de patentes”, para depois sair “trocando figurinhas” com o concorrente. E o Brasil tem de estar alerta a essa mudança de cultura na indústria. Em que filão tecnológico o Brasil poderia se concentrar, já que na corrida pelas tecnologias de ponta nós já ficamos para trás há muito tempo? No campo da eletrônica, telecomunicação e de sistemas, o Brasil poderia se concentrar em serviços. Somos um povo muito criativo e poderíamos usar tecnologias existentes para integrá-las e oferecer serviços novos, especialmente para países no mesmo nível que o nosso ou inferiores. Em vez de os EUA venderem soluções para a África, nós poderíamos fazê-lo. Nós poderíamos ter saídas até mais criativas para esses mercados, até porque temos mais capacidade de entender seus problemas. É por isso que acho mais negócio investirmos no Brasil em serviços que em fábricas de semicondutores. Está tudo tão avançado em Taiwan, Cingapura e outros, que competir com eles é muito difícil. De resto, precisamos nos preocupar em formar mais engenheiros. E, para arrematar, precisamos ter aqui uma indústria forte que possa realimentar a universidade. Fonte : O Globo Compartilhar este post Link para o post Compartilhar em outros sites