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quem fala demais dá bom dia a cavalo!

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[Não sabia se podia ser aqui, então lá vai]

 

Etiqueta Empresarial

 

QUEM FALA DEMAIS DÁ BOM DIA A CAVALO!

 

_____

 

* Maria Aparecida A. Araújo

 

Muitas vezes somos traídos pela tendência de falar sem pensar e de forma

irrefletida.

 

Deus, em sua infinita sabedoria, nos fez possuidores de uma só boca e dois

ouvidos, querendo com isso que utilizássemos em dobro nossa capacidade de

ouvir e nos habituássemos à contenção de palavras inúteis e julgamentos

inconvenientes.

 

Geralmente, quando estamos zangados, expressamos juízos e conceitos dos

quais muito nos arrependemos, quando a calma sobrevém. Mas, muitas vezes,

esse arrependimento não é suficiente para remediarmos os danos causados nas

outras pessoas.

 

Charles Chaplin cunhou uma frase que me parece bastante apropriada para nos

alertar sobre a armadilha do "falar demais": "Cuidado com as palavras

pronunciadas em discussões e brigas que revelem sentimentos e pensamentos

que na realidade você não sente e não pensa... pois, minutos depois, quando

a raiva passar, você delas não se lembrará mais... Porém, aquele a quem

tais

palavras foram dirigidas, jamais as esquecerá...".

 

Geralmente, reagimos com visível desagrado a dicas e sugestões de pessoas

que nos querem bem, visando nossa melhoria íntima. São temas que nos

parecem

chatos e maçantes. Certamente, se levadas em conta, muitas dessas palavras

plenas de sabedoria representariam mudança de conduta e o abandono de

muitos

vícios.

 

Nem sempre o "falar demais" manifesta-se nas horas de raiva. Muitas vezes,

a

tendência em falar mais da vida alheia que dos valores que nos enriquecem a

existência incentiva a proliferação de boatos e fofocas.

 

Quando surge um colega trazendo informações sobre as últimas novidades dos

namoros, demissões e problemas dos outros, o tempo que parecia não existir

aparece, o cansaço e a falta de paciência cedem imediatamente lugar ao

interesse e à curiosidade.

 

Como seria proveitoso se pudéssemos dedicar esse mesmo interesse e atenção

para ouvir e ajudar muitos amigos que nos procuram para um diálogo

saudável,

muitas vezes com inquietações e angústias e nós simplesmente não temos

tempo

e sensibilidade suficientes para escutar.

 

Aliás, como é difícil para todas as pessoas parar para escutar. Somos

ávidos

por falar; vivemos ansiosos porque falamos muito e escutamos pouco ou quase

nada. Nossa palavra sempre deve ter o maior peso. Queremos ter sempre a

primeira e a última palavra.

 

Saber ouvir exige que façamos opção consciente em apreender o que se passa

com o outro, de forma solidária e sem preconceitos, com o objetivo de

buscarmos o entendimento.

 

O diálogo nem sempre é uma tarefa fácil, pois envolve a disponibilidade

para

aprender novas idéias, quando antes gostaríamos de ensinar; humildade para

reconhecer que não somos perfeitos e que não sabemos tudo a respeito de

todos os assuntos e admitir a coerência de fundamentos e idéias que não são

nossos.

 

Ouvir é diferente do simples ato de escutar. Escutar é o uso puro e simples

do sentido da audição e só não escuta quem é surdo. Ouvir é muito mais

profundo pois envolve a pessoa por inteiro e é um processo ativo, ao

contrário do que a maioria das pessoas pensa ser.

 

Exercitar a arte de ouvir o nosso semelhante apura nossa sensibilidade,

permitindo-nos romper a concha de isolamento criada pelo individualismo -

outra das características negativas da nossa personalidade - e participar

das experiências e emoções das outras pessoas.

 

Wendell Johnson, grande teórico da comunicação, escreveu: "Nossa vida seria

mais longa e rica se despendêssemos a maior parte dela na tranqüilidade

silenciosa do ouvir pensativamente".

 

Somos um bando turbulento, e daquilo que chega a ser dito entre nós muito

mais passa despercebido e não ouvido do que se poderia imaginar. Temos,

ainda, que aprender a usar as maravilhas do falar e do ouvir em nosso

próprio e melhor interesse e para o bem de nossos semelhantes. Essa é,

também, a mais extraordinária das artes a ser dominada pelo homem.

 

Ouvir é renunciar! É a mais alta forma de altruísmo em tudo quanto essa

palavra signifique de amor e atenção ao próximo. Talvez por essa razão a

maioria das pessoas ouça tão mal, ou simplesmente não ouça. Vivemos imersos

em cogitações pessoais e é raro conseguirmos passar algum tempo sem pensar

em nós mesmos."

 

Atitudes recorrentes daqueles que não sabem ouvir com atenção e paciência:

 

a) Responder antes que o interlocutor tenha concluído seu pensamento.

b) Ficar impaciente diante de pessoas tentando explicar algo.

c) Olhar insistentemente para o relógio, paralisando a comunicação do

outro.

 

d) Usar expressões faciais de enfado, desaprovação, invalidação,

menosprezo,

diante do assunto.

e) Desviar o olhar do rosto da outra pessoa.

f) Mudar abruptamente de assunto.

g) Fazer com que o outro se cale, dizendo que não adiantaria nada ouvi-lo.

 

Chefes costumam desprezar novas idéias e oportunidades de melhoria,

simplesmente deixando de ouvir seus funcionários e disparando os seguintes

argumentos:

 

"Nunca vai funcionar", "Não tenho tempo", "Não está previsto no orçamento",

"O Diretor nunca vai querer isto", "Já tentamos isto uma vez e não deu

certo", "Sua idéia é ótima, mas não é para nós", "Sempre fizemos isso desta

maneira", "Não é de sua alçada", "Vamos entregar isto a um grupo de

trabalho", "Mais tarde!".

 

Até mesmo entre executivos altamente bem-remunerados para serem bons

negociadores encontramos péssimos ouvintes. Muito poucos negociadores são

bons ouvintes. E como negociação envolve observação e análise do

interlocutor, aqueles que não sabem ouvir perdem inúmeras oportunidades de

fazer excelentes negócios.

 

Os ases da negociação são também magníficos ouvintes. Quando negociam,

permanecem focados na entonação, ritmo, altura e demais detalhes da voz da

outra pessoa. Observam também atentamente os sinais não verbais, e analisam

se os mesmos são coerentes com o que está sendo falado.

 

Três falhas bastante comuns em negociadores são:

 

1) Acreditar que seu poder de persuasão reside em falar mais que o

interlocutor, em vez de ouvi-lo.

2) Ficar pensando no que irá falar, enquanto a outra pessoa está falando,

perdendo assim informações importantes.

3) Criar uma barreira ao entendimento do que está sendo dito pelo

interlocutor, baseada em preconceitos puramente pessoais e sem lógica.

 

Para falar bem não basta uma boca. Há muita gente que, não sabendo usá-la,

tem feito um grande estrago com o que diz. Antes de nos julgarmos

incompreendidos e injustiçados pelo mundo, não nos devemos esquecer que a

causa dos nossos problemas e do desencontro na relação com a outra pessoa

pode estar alojada em nós mesmos.

 

Saber ouvir leva tempo, prática e paciência. É uma arte que mantém vivos o

respeito, a afeição, a amizade, o sentimento de confiança que o outro

deposita em nós. Faz com que nossos clientes, colegas de trabalho, filhos,

cônjuges e namorados, sintam-se como pessoas importantes e amigos

privilegiados. Assuma, hoje mesmo, um compromisso de falar menos e ouvir

melhor.

 

Reflita sobre o ensinamento de Albert Schweiser que diz que "o verdadeiro

valor de um homem não pode ser encontrado nele mesmo, mas nas cores e

texturas que faz surgir nos outros....".

 

*Maria Aparecida A. Araújo é consultora de Comportamento Profissional,

Etiqueta Social e Internacional, Marketing Pessoal, Cerimonial e Protocolo;

palestrante e facilitadora de cursos especiais; consultora do Instituto

Brasileiro da Qualidade Nuclear. É graduada em Letras, com Licenciatura em

Língua e Literaturas de Língua Portuguesa. Diretora da Etiqueta Empresarial

Executive Manners Consulting, com 21 anos de experiência em atendimento de

excelência ao cliente.

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