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Mário Monteiro

Política do Google permite coleta de dados, apesar da briga com Bing

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Política do Google permite coleta de dados, apesar da briga com Bing

Políticas da gigante de busca permitem monitorar internautas.

Engenheiro da empresa apoiava uso dos dados.

 

Altieres Rohr Especial para o G1*

 

O Google acusou a Microsoft de “plagiar seus resultados” no portal de busca Bing. Isso faz parecer que o Bing está pegando diretamente os resultados do Google, mas não é isso o que acontece. Em certas condições, a Microsoft monitora toda a navegação de seus usuários – inclusive as buscas no Google, aqui no G1 e em todos os sites de internet – e usa isso para melhorar seu site de busca. Esse comportamento não está descrito adequadamente em nenhum local e, claro, quando usuários usarem um site para achar algo, se apenas há naquele, a tendência é que o Bing aponte para aquele site. Às vezes, tal site é o Google.

 

Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados, etc), vá até o fim da reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quartas-feiras.

 

Bing analisa comportamento de usuário

 

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Usuário que marcar 'Aprimorar a minha experiência' será monitorado pela Microsoft. (Foto: Reprodução)

 

Para provar o “plágio”, o Google criou 100 termos de pesquisa em seu site usando sequências aleatórias de caracteres que não traziam nenhum resultado na internet. Nessas pesquisas, sites sem relação com o termo pesquisado foram colocados na primeira posição.

 

Em seguida, 20 engenheiros do Google instalaram a barra do Bing, autorizaram o envio de informações sobre comportamento on-line e pesquisaram pelos 100 termos e clicaram no resultado fajuto. Em alguns dias, nove desses 100 termos estavam com o resultado falso também no Bing. Isso, para o Google, é “prova” do plágio.

 

Há dois problemas com essa afirmação. O Bing não captura nada específico do Google. Se o teste tivesse sido feito em qualquer outro site, é provável que o sucesso – ou fracasso, considerando que 91% dos termos não apareceram no Bing – seria o mesmo.

 

A barra do Bing envia a sequência de sites visitados, ou seja, a Microsoft é informada que “o usuário acessou esse site quando estava nesse outro aqui”. Com isso, é criada uma relação entre as páginas: usuários que acessaram uma página X depois foram para a página Y. É por isso que os termos pareceram “copiados”: o Bing entendeu que usuários que pesquisavam pelo X (o termo falso do Google) visitavam logo em seguida a página Y (do Google).

 

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Frank Shaw, diretor de comunicação da Microsoft, acusou Google de querer 'mudar o assunto' por temer os processos que sofre por manipulação de resultados. (Foto: Reprodução)

 

Isso levou o Bing a acreditar que a página Y era relacionada ao termo X, e isso se refletiu nas pesquisas. Mas esse comportamento seria igual independente dos sites envolvidos.

 

“Se o Google tivesse meramente listado essas páginas em seus resultados, a Microsoft nunca teria notado. O que a Microsoft fez foi observar o comportamento de usuários. A Microsoft recebeu permissão para essas observações. E informação sobre os cliques dos usuários é informação do usuário – não do Google”, escreveu o especialista em privacidade Bem Edelman no blog do Harvard Business Review.

 

O que o Google quer é, aparentemente, que o Bing pare de coletar dados quando estiver no Google. Algo impede o Google de perceber que todas as páginas de internet criam relações de relevância quando criam links – qualquer link significa que “essa página que estou linkando tem a ver com esta que você está lendo”. O Google não é diferente ao construir suas buscas.

 

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Matt Cutts, engenheiro do Google, hoje critica Microsoft por coletar dados. Cutts disse ser a favor da prática, por parte do Google, em 2002. (Foto: Reprodução)

 

O que ficou perdido entre as reclamações está o enorme problema de privacidade criado pela barra do Bing. Usuários que optaram pelo programa de “aprimoramento de experiência” da Microsoft enviam seu histórico inteiro de navegação para a empresa. Embora os dados sejam “anônimos”, não é difícil usar técnicas de reidentificação para “desanonimizar” os dados.

 

Além da barra, o Google ainda disse que é bem provável que o recurso de “Sites Sugeridos” do Internet Explorer também envie dados à Microsoft. Para fornecer uma lista de sites sugeridos, o endereço atual precisa ser enviado e processado para que os sites relacionados sejam encontrados.

 

Até o Windows XP SP2 – quando a Microsoft ainda não se importava muito com buscas na web – o recurso de “Sites Sugeridos” do Internet Explorer era fornecido pela Alexa, uma conhecida empresa de rankings e audiência web. A Alexa foi duramente criticada por coletar esses endereços e informações.

 

Por algum motivo, a barra do Bing, apesar de coletar todo o histórico de navegação do usuário – comportamento restrito à spywares – tem escapado de críticas semelhantes.

 

Telhado de vidro

 

Política de privacidade / Número de palavras

 

Microsoft – Site e Geral + Barra / 4.700

 

Google – Site e Geral / 1.800

 

Microsoft – Internet Explorer 8 / 6.000

 

Google – Chrome / 2.200

 

Esta coluna / 1.200

 

O recurso do Bing que captura os sites visitados é rotulado como “aprimorar a minha experiência”. Só as letras miúdas é que informam que todos os sites visitados serão enviados à Microsoft. Mas ele não está sozinho no uso de linguagem cuidadosa para fazer usuários aceitarem o envio de informações pessoais. As políticas de privacidade do Google são menores, mas não são menos permissivas.

 

O Google tem um recurso de “histórico da web” que registra todas as pesquisas feitas por um determinado usuário. Quem não tiver cuidado e desativar o recurso pode dar a um terceiro que invadir a conta (e ao próprio Google) a relação permanente de todas as pesquisas realizadas. O Chrome, navegador do Google, envia cada letra digitada na barra de endereços para fazer funcionar o recurso de “sugestão de pesquisa” (“sugestão”, como os “sites sugeridos” do Internet Explorer).

 

Em 2002, o engenheiro do Google Matt Cutts – que “brigou” no Twitter com o diretor de comunicação da Microsoft, Frank Shaw – informou que os dados coletados pela barra de ferramentas do Google não eram usados para aprimorar as pesquisas na web, mas que, em sua opinião, isso deveria ser feito. Ainda assim, endereços visitados eram informados ao Google caso alguns recursos estivessem ativados (como a verificação do PageRank, número que define a relevância de um site no Google).

 

Hoje, o Google diz que despreza totalmente a prática de coletar endereços e usar para aprimorar as pesquisas. No entanto, isso é fácil para o Google: em sua posição dominante no mercado, o Google pode coletar informações a respeito de seus próprios usuários – como ele de fato faz. Ainda assim, o Google vai coletar mais informações que todos os seus concorrentes, já que a fatia do mercado que o Google ocupa é maior: 65% nos Estados Unidos, segundo uma pesquisa de setembro de 2010 da "comScore".

 

Mesmo assim, observa o especialista Ben Edelman, a política de privacidade do Google ainda permite que a empresa realize esse mesmo tipo de operação, coletando informações pessoais para “melhorar os serviços do Google”.

 

Talvez por isso o Google tenha decidido transformar uma questão de privacidade em uma questão de “plágio” – um plágio que não existe.

 

A coluna Segurança para o PC de hoje fica por aqui, mas volta na quarta-feira (9) para responder dúvidas de leitores. Se você tem alguma dúvida, deixe-a na área de comentários. Até a próxima!

 

* Altieres Rohr é especialista em segurança de computadores e, nesta coluna, vai responder dúvidas, explicar conceitos e dar dicas e esclarecimentos sobre antivírus, firewalls, crimes virtuais, proteção de dados e outros. Ele criou e edita o Linha Defensiva, site e fórum de segurança que oferece um serviço gratuito de remoção de pragas digitais, entre outras atividades. Na coluna “Segurança para o PC”, o especialista também vai tirar dúvidas deixadas pelos leitores na seção de comentários. Acompanhe também o Twitter da coluna, na página http://twitter.com/g1seguranca

 

Fonte: G1

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