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Motta

O futuro da busca on-line

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O futuro da busca on-line

Com nova ferramenta, Google permite respostas contextualizadas para as pesquisas

 

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Imagem ilustra as pesquisas realizadas pelo Google em diferentes línguas e países.

Nos EUA, são 11,4 bilhões de buscas por mês

Divulgação/Projeto WebGL

 

A cada dia o mundo produz mais informações e grande parte delas vai parar na internet. Segundo estimativa da Cisco, atualmente o tráfego na web por mês é de 44 exabytes, ou 44 bilhões de gigabytes, e a expectativa é que em 2016 chegue a 110 exabytes. Para organizar tantos dados, o Google também precisa se aprimorar, e o Knowledge Graph é um passo nesse sentido.

 

— O futuro das buscas é uma visão muito mais inteligente, com o Google realmente entendendo o que o usuário quer e respondendo exatamente o que ele precisa. Uma parte desse futuro é a construção do Knowledge Graph — afirma Ben Gomes, engenheiro da Google e um dos poucos a ter o título de Google Fellow, funcionário com acesso a qualquer projeto da empresa.

 

A maior ferramenta de buscas do mundo realiza cerca de 11,4 bilhões de pesquisas por mês apenas nos EUA, segundo estimativa da comScore, muito à frente das concorrentes Bing, que está investindo em redes sociais, e Yahoo!, que contratou a ex-Google Marissa Mayer como diretora-executiva.

 

Mesmo com todos os filtros e informações de navegação que o Google aplica, muitas vezes a resposta dada pelo sistema não satisfaz o usuário, pois as palavras possuem diferentes significados. A função do Knowledge Graph é essa: organizar as informações não em palavras, mas em objetos dotados de sentido. Por exemplo, ao pesquisar por “Niemeyer”, a busca atual retorna uma lista com milhares de páginas que citam esta sequência de letras. A nova ferramenta “entende” que “Niemeyer” é uma pessoa e responde com um sumário com informações sobre a vida do arquiteto, principais projetos e outros grandes nomes da arquitetura brasileira.

 

— Dependendo de quem é o usuário, o Knowledge Graph procura a resposta exata para a necessidade dele. É um caminho para o mundo real, não apenas para uma coleção de palavras — explica Gomes.

 

O Knowledge Graph também compara diferentes significados de uma mesma pesquisa e dá informações de acordo com cada usuário. Gomes cita o exemplo da busca por “Kings” para uma pessoa que more na Califórnia, nos EUA. Com base em estatísticas de navegação, o Google sabe que existem ao menos três objetos relevantes para essa palavra: o time de hóquei Los Angeles Kings, o de basquete Sacramento Kings e uma série de TV. Com a busca tradicional, as páginas relacionadas a esses três objetos apareceriam de forma aleatória. Com a nova ferramenta, um cartão aparece no canto direito da tela perguntando sobre o que a pessoa quer saber.

 

Privacidade é problema

 

Para o professor do departamento de informática da PUC-Rio Daniel Schwabe, a nova plataforma deve facilitar a vida do usuário ao navegar na internet. Mas ele critica a falta de acesso para desenvolvedores.

 

— É um mundo fechado dentro do Google. Todas as entidades nomeadas estão dentro do próprio Google, sem integração com o resto da web — avalia Schwabe.

 

Entretanto, todas as facilidades oferecidas pela companhia têm um preço: a privacidade. Para dar respostas cada vez mais contextualizadas, a ferramenta utiliza informações pessoais. Histórico de navegação, geolocalização, agenda, e-mails, contatos, preferências, entre outras. Tudo o que cada usuário faz é registrado.

 

— Talvez possa parecer errado, mas basicamente estamos utilizando informações produzidas pelas pessoas para dar a elas um produto de graça — justifica Gomes.

 

O engenheiro explica que é possível navegar de forma totalmente anônima. Segundo ele, existem várias formas de controle disponíveis. É a pessoa que decide se e o quanto de informação quer compartilhar. O professor da ESPM e FGV Paulo Rodrigo Teixeira critica essa posição. Segundo ele, o usuário médio não sabe que suas informações estão sendo coletadas.

— A grande verdade é que as pessoas muitas vezes não sabem que a privacidade delas está sendo invadida. Elas não sabem o que é um cookie (arquivo que armazena dados), por exemplo.

 

A ferramenta foi lançada em maio nos EUA e disponibilizada para outros países de língua inglesa na semana passada.

— Nosso plano é expandir para as principais línguas do mundo — promete Gomes.

 

 

Fonte : O Globo

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